terça-feira, julho 31, 2007

Pseudo-existencialismo pelo preço da passagem

Você sai, encontra as mesmas pessoas de sempre, não faz nada muito novo, tem as mesmas conversas batidas. Você adora estras conversas, sempre rendem bastante assunto, clichê, mas assunto. Você gasta alguns trocados com junkie food e ilude-se achando estar satisfeita com isso que alguns insistem em chamar de comida. Dá um passeio bobo e vai cada um prum lado continuar o que insistimos em chamar de vida.

Você vai de metrô pra casa, você gosta do metrô da sua cidade, é limpo mas ainda assim mantem o clima de cidade. Aquele clima de "jogamos lixo no chão, pixamos paredes, andamos apressados, buzinamos, soltamos fumaça e achamos tudo isso lindo. Somos desempregados, workaholics, fashions, undergrounds, somos tudo num lugar só". 2 reais o ticket, pra você é apenas o troco da batata frita, tem gente que não tem grana pro metrô e muito menos pra batata frita, mas você não gosta de pensar nisso, não é confortável. Já no metrô você observa as pessoas e tenta imaginar como são as vidas delas por trás de todos os olhares vagos e jeitos caricatos. Será que todos levam vidas semelhantes à sua? Impossível, por mais rotineira que sua vida costume ser ela é inigualável. Mas e como são essas vidas alheias?

São pessoas com idéias e crenças diferentes, mas no fim todas acabarão como você, simplesmente acabarão. Mas isso nem importa, cada uma acredita em algo. Você se preocupa com isso, algumas acreditam tanto que deixam de fazer certas coisas para terem uma possível morte boa. É isso, algumas pessoas vivem para morrer. Vivem de forma regrada e chata pra morrer bem. Deixam de viver cedo de mais e insistem em chamar isso de vida.

Você para de pensar nesses rostos diferentes, e ao mesmo tempo tão iguais, e olha pra janela. Está a noite e você consegue ver seu reflexo, você vê a mesma cara de sempre e se assusta com tanto esforço pra mudar e acabar sempre igual. Você é sempre você e não há muitas situações que possam mudar isso. Você olha além do vidro, está escuro, você enxerga apenas algumas luzes e sombras, mas você reconhece esse lugar. Você já fez esse mesmo caminho centena de vezes antes. O mesmo caminho, pro mesmo lugar, de volta pra mesma vida de sempre. Oh, doce rotina...

Você finge que não, mas você gosta de voltar pra casa. Lá você pode ser tudo e nada. Você pode ser o que você quiser! Suas coisas estão lá, suas manias também. Oh, doce casa, oh, doce lar que abriga sua doce rotina. E mais uma vez você se lembra de que está mais perto e se pergunta quão perto as outras pessoas estão de suas casas e rotinas. Será que são doces que nem a sua?

Você acha engraçada a forma como essas pessoas te olham e se pergunta se elas fazem os mesmos questionamentos que você. Você gostaria de mergulhar no cérebro de cada uma delas e vasculhar cada cantinho, mas aí você se lembra de que além de idéias veria angústias. Você é do tipo que nunca fica triste por você, mas sente a dor dos outros. Você já tem angústias e frustrações demais, então desiste dos cérebros alheios. Você não é altruísta a ponto de querer agüentar sofrimentos alheios, já bastam os seus, mas você os agüenta mesmo sem querer. Talvez se você fosse forte o bastante pra agüentar toda a dor do mundo, mas você não é, então então abandona essa idéia...

Você desce do metrô, anda alguns minutos, deseja boa noite às mesmas pessoas de sempre, e chega no seu cantinho, finalmente sua rotina está de volta. Amanhã você tenta fugir dela outra vez, agora você vai aproveitá-la.


Continua...


Muita coisa pra dizer, pouca coisa pra dizer, muito tempo pra escrever, pouco tempo pra escrever, muita coisa pra fazer, coisa nenhuma pra fazer, muita vontade de postar, imensa preguiça de postar. Eu não morri.