quinta-feira, maio 29, 2008

Wilma

1961, numa cidade do interior de São Paulo, Wilma, depois de mais de 2 anos desejando casar com aquele bom partido da cidade - bonito, cabelos negros e rico-, acabou se casando com o melhor amigo dele, também bom partido mas um casamento arranjado. Seu marido era até mais belo que o seu eterno desejado, mas não tinha tanto dinheiro quanto o outro - tinha, mas não tanto! Ainda hoje se arrepende dessa união.

Ela não é uma pessoa de muitos amigos, todas as suas companheiras viraram grandes nomes da sociedade e cortaram seus laços com a ex-rica. Amargurada e solitária, virou dona de casa após um golpe dado nas empresas do marido. Ficou pobre, pobre esnobe! Sua família se mudou para uma cidade no Distrito Federal que não era nada bem conceituada, mas ela nunca deixou de agir como se fosse superior a todos, fazia questão de ostentar coisas que ela já teve na vida. Se endividava até o pescoço para tentar freqüentar clubes de ricaços e esconder seu fracasso.

Teve dois filhos, uma moça e um rapaz. Sempre planejou para eles casamentos que trouxessem de volta as riquezas da família. Sua filha era linda e ambiciosa, mas odiava a mãe, principalmente depois do episódio de sua festa de 15 anos. Wilma expulsou uma amiga da garota, mãe solteira, achava que sua família não deveria se relacionar com esse tipo de gente, ignorando completamente que antes de se casar ela havia engravidado de um vizinho e feito um aborto!

A menina casou-se com um milionário, mas ignorou completamente a mãe e mudou-se para a Europa sem nunca mais dar um sinal de vida. O filho, casou-se com aquela... Aquela, negra, pobre, que nunca teve o respeito de Wilma. Quase mata a mãe do coração, imagine, como ela ia manter as aparências dessa forma? Seu filho, casado com a "mulambenta".

Wilma virou a senhora mal-humorada de rosa no metrô. Carrega na face toda a frustração que ela remói. Ao seu lado, um senhor simpático, daqueles que sorriem o tempo inteiro e contam piadas e histórias divertidas pra todo mundo. Totalmente contrária a seu marido, ela olha de lado, analisa tudo e todos. Observa cada um que entra no trem, julgando em silêncio tudo que ela não considera digno. Se esquece completamente de seus defeitos. Aquela garota de cabelo rosa era pra ela um ser que merecia ir pra fogueira. Na segunda vez que olhou para a menina ela percebeu que estava sendo encarada. Como essa insolente ousa a encarar? Na terceira vez viu uma imensa língua rosada, arregalou os olhos e ficou ali, chocada.

-Post parceria da minha falta do que fazer com a procrastinação da minha irmã mais nova-

quarta-feira, maio 14, 2008

Criança herege

Começo de 2001, eu notei que todos os amiguinhos do prédio pararam de descer pra brincar aos sábados, me sentindo sozinha e abandonada eu fui atrás do motivo pra todo o marasmo vespertino do fim de semana. Maldita hora em que eu resolvi ser curiosa, descobri que estavam todos fazendo CATEQUESE! Isso mesmo, aquelas aulinhas de religião que você tem antes de fazer a primeira comunhão.

Eu odiava ficar sozinha e sem nada pra fazer, naquela época eu já era viciada em computador, mas não tanto. Me matriculei na tal catequese, minha mãe achou estranho, meu pai não deu a mínima. Eu não sei onde estava com a cabeça, por que diabos eu não resolvir transformar o dia de catequese em dia do livro? Imaginem só, eu passaria a manhã inteira lendo... NÃÃÃÃÃÃO, eu tinha formiga na bunda, precisava ir pra onde estavam todos e bagunçar até não poder mais. Santa inocência! Eu realmente achei que as pessoas iriam pra catequese pra socializar.

As aulas eram numa escola perto de onde eu morava, e atravessando a rua você chegava na igreja. Meu primeiro dia, fui pra igreja achando que as aulas seriam lá, e lá foi o padre comigo pra escola me mostrar qual seria minha sala. Burra, idiota! Eu era a novata, numa sala com pessoas da minha idade e TODOS os meus amigos ficaram em turmas diferentes por serem mais velhos. "Tudo bem, tem o intervalo!" E o intervalo era lindo, eu me sentia no meu prédio, só não podia correr descalça.

Depois de um tempo eu comecei a perceber que ninguém tava ali pra brincar, algumas pessoas nem mesmo sabiam porque estavam ali. Percebi também que todo mundo achava que era pecado ou coisa do tipo conversar durante as aulas e que talvez eles fossem pro inferno se não obedecessem a catequista. Aquilo foi começando a me irritar, esse negócio de ter que ler a bíblia e saber da caminhada que um bando de gente sem internet fez há mais de 2 mil anos. Pra piorar, depois da aula a gente tinha que ir pra missa. Até que eu descobrir que dava pra fugir, hehehehehehe. Então era assim, quando eu não matava aula eu fugia no caminho pra igreja. Até que eu me toquei de que a "professora" era mais burra que eu.

Adultos NUNCA podem deixar transparecer que são menos inteligentes que uma criança, principalmente se o pirralho tem uma mente maligna que nem eu tinha. E foi aí que eu pensei "Ok, já que estou aqui, vou me divertir com a cara dela". Perguntar, perguntar irrita, principalmente se a pessoa questionada não souber responder. Comecei a estudar, lia tudo que eu via, só pra descobrir falhas nas explicações da catequista e poder deixá-la bem brava. Sádico, eu sei, mas vai explicar pruma criança de 11 anos que certas coisas não são legais. Independentemente de acreditar ou não, eu tava a fim de deixar a pobre coitada em situações complicadas.

Catequista: Mimimi, nós temos que seguir o que Deus diz!
Natália: Isso quer dizer que os índios vão pro inferno? Como é que eles vão seguir o que deus diz se eles não têm bíblia?

Aí ela me mandava pra casa, aliás, era só eu falar sobre ETs, dinossauros, deus ser vingativo e contradições que ela me mandava embora. Até que um dia eu causei um rebuliço na sala de aula:

C: Os 10 mandamentos, blábláblá, não matarás!
Meu conhecimento de sexta série entrou em ação!
N: E a santa inquisição? O inferno tá cheio de bispos e religiosos, então??

Ela ficou pensando, quase que dando uma resposta, mas passou uma formiguinha na frente dela. Pobre formiga, não foi avisada de que aquela senhora destrambelhada daria um passo pra frente, foi pisada. Não me segurei...

N: V-v-você acabou de matar uma formiga com esse seu pé gigante.

E ela ficou ali com cara de pastel enquanto as outras crianças ficaram apavoradas pois mataram baratas, pernilongos, ou sei lá mais o quê. Foi aí que ela me puxou pelo braço, chamou um outro tio pra cuidar da minha turma e foi comigo até a igreja, chamou o padre e contou quão sacana eu era. Inclusive aumentou bastante a história.

"Essa criança é herege!!!!@!" Ela falava isso como paulista fala "meu". Achei que eles fariam uma fogueira ali mesmo e me queimariam enquanto me chamariam de bruxa, ou então fariam que nem fazem com o boneco de Judas, imaginei até um exorcismo. No fim das contas eu fui expulsa da catequese, já que eles chegaram à conclusão de que não sou digna da comunhão. O padre inclusive disse que eu seria excomungada, mas acho que ele tinha que ser papa pra poder fazer isso.

Sabe, eu acho que eles pensam que acabaram com a minha vida! BABACAS!

domingo, maio 11, 2008

Tirando o porte de armas

Um pequeno apunhado de fatos sobre minhas desventuras na auto escola:

15/4 - Uma das minhas primeiras aulas e eu sou parada numa blits. Antes mesmo de pedir a minha licença de aprendizagem o guarda faz uma cara de chocado e pergunta: "NOSSA, você já tem 18 anos e ainda pinta o cabelo dessa cor???" Tudo bem, eu aprendi a relevar essas coisas, mas logo depois que pegou minha identidade ele solta um "NOSSA, É VOCÊ?"
Babaca!

17/4 - PLAWlei um cone. Achei que seria o fim da minha carreira de motorista. Eu toda feliz driblando cone no primeiro simulado da auto escola, eis que DO NADA vem uma aluna imbecil e se enfia na frente do carro. Ok, eu me assustei, freiei virando e coitado do cone, era ela ou ele, triste. O pior mesmo foi meu instrutor rindo da minha cara de ódio enquanto um amigo, no banco de trás, falava que sabia que só deveria andar comigo se fosse de metrô. Hoje eu me arrependo de não ter escolhido ter atropelado aquela maldita.
Babaca!

18/4 - Nesse dia eu fui pra nada, pelo simples prazer de conversar com meu instrutor. Daí um dos outros instrutores vê a blusa do Encontro Brasileiro de Parkour e diz "Parkour??? Eu fazia isso aí, curte só..."
Adivinhem o que ele fez.
...
PALM SPIN NO CARRO!@!12!212sexy
Óbvio! (constemos essa é a coisa mais ridícula que você pode fazer e chamar de parkour)
Babaca!
E quando chega a aluna que o cara tava esperando eu descubro que o nome da infeliz é RISOLETE! RISOLETE!!!!!!!1 (leia risolête e não risoléte)
Alguém me diz de onde um pai tira um nome desse...
Babaca!

Aí eu imaginei que já tinha presenciado todo tipo de estupidez existente, mas eu tô no Brasil...

29/4 - Eu descubro que meu instrutor legal entrou de férias. Quem vai me dar aula? Claro que o cara do palm spin, tinha que ser, Murphy resolveu colar em mim. A situação era pior do que eu imaginava, o cara tem um português no nível mais flamenguista que existe. Pra me alegrar mais, ele é uma anta, daquele tipo besta quadrada metida a gênio.
Babaca!

30/4 - Era o dia do meu simulado final. RÁ! Eu pronta pra marcar a data da prova e correr pra casa. Aí o imbecil começa a falar umas coisas do tipo: "Tá vendo que tem a placa de PARE? Isso significa que você tem que parar!" ¬¬ "60km, não passa disso, é por isso que tem a placa..." E ele ficou o tempo INTEIRO com a mão no câmbio. Babaca! Daí eu comecei a ficar muito puta, meti o pé no acelerador , empurei a mão dele e fui a 80 onde dava. Um cara avisa que minha porta tá aberta, só que a alguém quebrou a maçaneta do lado de dentro, só abria por fora. O idiotão fala "Abre por fora aí que eu seguro o volante" Ok, esperei ele colocar a mão no volante e fui fechar a porta, só que o estúpido solta o volante bem na curva e começa a me xingar! "Você é lesada assim ou se faz? Não pode soltar o volante!" O.O
Babaca!

A vontade de soltar o cinto dele, abrir a porta e empurrá-lo ali mesmo só não era maior que minha noção de que isso ia me mandar prum presídio. Tudo bem, nesse momento minha paciência já era inexistente, respondia tudo monossilabicamente só imaginando como eu iria matá-lo e cantava alto pra não ter que ouví-lo. Daí começa o absurdo "Olha, como você é mulher, olha no retrovisor umas duas vezes antes de mudar de faixa, tá?" Babaca! Aí a parte malígna do meu cérebro começou a funcionar "Vou deixar esse cara com o cu na mão!" era tudo que eu conseguia pensar. Na primeira chance eu fechei um ônibus, comecei a colar na galera, freiar em cima da hora, e fazer curva sem reduzir. No fim das contas ele desceu do carro com as pernas tremendo e disse que eu preciso pegar mais 10 aulas, é que eu desrespeito muito as leis de trânsito... E ele ficou achando que eu ia pegar mais esse tanto de aula só porque ele queria.
Babaca! Babaca! Babaca! BABACA! BABACA!BABACA!BABACA!!2!2!1121

Conclusão: Nesse mundo só tem babaca! E olha que eu nem postei as coisas que eu ouvi nas aulas teóricas... Mas é claro que ninguém vai levar em conta as idiotices alheias, é mais fácil me chamar de estressada. BANDO DE BABACA!



(Ah, layout novo e coisa e tal...)