sábado, maio 15, 2010

Eu não morri...

Esse blog, entretanto...

segunda-feira, maio 11, 2009

Mania

Eu tenho essa mania de guardar as coisas pra mim. Escrever tudo em cadernos e procrastinar na hora de escrever aqui. Amanhä isso vai mudar... Talvez.

quarta-feira, março 25, 2009

Talking 'bout my generation

Acordei com uma música muito boa, porém alta, muito alta. Tão alta que interferiu nos meus sonhos. Vinha do andar de cima, vizinho novo. Twittei sobre a situação e fui de pijama mesmo. Toquei a campainha já pensando no discurso. Atendeu um cara de uns 25 anos, normal, nem feio nem bonito. Charmoso, cabelo de quem acabou de acordar, barba por fazer, escova de dente na mão, boca cheia de espuma. só de cueca e meia. O volume tava alto, era preciso falar alto.

-Oi, bom dia.
-Bumdia.
-Eu odeio ser a chata...
-Hm...
-... mas você me acordou, e...
-Hm...
-... eu gosto de The Who, mas...
-Gusxtca?
-Heim?
-Gusxtca?
-HÃ?
-GUSXTCA?

Impossível entender alguém com a boca cheia de espuma de pasta de dente num ambiente com som alto.

-Se você puder cuspir essa pasta de dente, ficaria mais fácil.

Balançou a cabeça positivamente, me puxou pra dentro do apartamento e fechou a porta. Legal, fui parar no apartamento de um psicopata. Ele foi em direção ao banheiro e eu fiquei parada na sala. Pelo menos eu não precisava mais tentar não encarar a cueca dele. Branca, boxer, Calvin Klein. "Vou falar logo e dar o fora!"

-Ah, então, eu não gosto de ser chata, ainda mais com essas coisas. Você me acordou...
-GOSTA? - gritou logo depois de cuspir a pasta.
-Gosto do quê?
-Errerru - Com a boca cheia de água e bochechando.
-Hã? Olha, eu só vim até aqui porque eu tava dormindo, de boa na canoa, sonhando com alguma coisa boa, mas você me acordou! Eu não gosto de ser a reclamona, inclusive gosto muito de Who, mas, porra...
-Gosta? - depois de cuspir a água e secando a boca.
-Gosto do quê?
-De The Who! Você é surda?
-Como assim eu sou surda? Você fica falando com a boca cheia e eu tenho que entender? De qualquer forma, eu não vim pra discutir, eu só vim pra...

Ele apareceu no corredor, ainda só de cueca. Puxou uma cadeira e sentou. Impossível não olhar pra cueca dele. Branca, boxer, Calvin Klein.

-Eu só vim pra... pra... - Descaradamente encarando.
-Veio pra quê? Pra olhar minha cueca? E você gosta ou não?
-Você bem que podia colocar uma roupa, né? Eu estou tentando conversar!
-Você tá de pijama e eu não posso ficar assim? E foi você quem veio bater na minha porta, estou na minha casa.
-Mas meu pijama é decente e você não deveria atender a porta assim.
-Decente se você estiver no meio da Sapucaí durante o carnaval. E, além do mais, é engraçado constranger as pessoas.
-Ótimo, vim parar no vizinho maluco.
-Veio porque quis. Poderia estar em casa, dormindo.

Me irritou, de verdade! Me enrolando, o som alto, e com cara de cínico? Aumentei ainda mais meu tom de voz, e tenho certeza de que arregalei os olhos.

-Olha, é isso que eu tô tentando dizer, eu estava dormindo...
-Sim, isso eu já entendi, mas você ainda não respondeu minha pergunta. Gosta?
-Ai, caralho!
-Tá olhando pra ele...

Me deixou vermelha, roxa, listrada. Resolvi falar baixo, se ele não me entendesse, acabaria abaixando o volume e eu indo embora. Não adiantou, o fela da mãe entendeu tudinho.

-Gosto de quê? Poxa, eu quero dormir. Vim aqui nessas condições pra te dizer que...
-Seria engraçado se você se declarasse uma stalker apaixonada por mim.
-Não sou.
-Eu sei, mas seria engraçado.
-Mas não vai acontecer. Então, eu quero pedir pra você abaixar o som. Eu gosto de Who, eu gosto mesmo, mas o volume tá MUITO alto e me acordou. Você quer deixar todo mundo surdo? Juro que nem é implicância chata de vizinho, já que a música é boa. Eu quero dormir!
-Então você gosta?
-PQP, gosto de quê?
-De Who!
-Gosto, ué, já disse. Mas, por favor, ab...
-Se você gosta, a música não é o que está incomodando, certo?
-Certo, o problema é com o volume.
-Você espera que eu escute Who em volume baixo?
-Não, eu não escutaria...
-Viu.
-Mas não precisa arrebentar todas as paredes do condomínio às 8h30 da manhã.
-Então, só porque eu te acordei, vou ter que escutar Who num volume baixo?
-Não precisa ficar baixo...

Percebi que já nem lembrava da cueca dele quando ele levantou e veio andando na minha direção. Desesperei, definitivamente, fui tocar a campainha logo do psicopata do prédio. Parou há menos de um passo de mim.

-Se não fica alto, como fica, então?
-Er...

Me entregou um controle remoto.

-Não se esqueça que é Who.

Olhei no visor, o volume estava no 98. 98 de 100. Por que alguém escutaria no 98? Vai ver ele tem TOC, a diferença pra 100 é mínima. Coloquei no 70, ainda alto, não perturbador. Como era bom falar em um tom normal...

-Pronto, assim tá bom. Foi bom negociar com você e resolver esse problema. Tenha um bom dia...
-Perae, não vai pensando que vai sair assim...

Socorro!

-Você escolheu o volume, que não é apropriado à música...
-Já pensou em headphones?
-Já, não sei onde ele estão. De qualquer forma, agora vou precisar trocar de música, e como quem escolheu o volume foi você, vai escolher a banda também.
-Não vou escolher nada, vou pra minha cama dormir. Bom dia!
-Nananina-não. - Se colocando em frente à porta.
-Puts grila, eu vou gritar!
-Se você gritar, eu te deixo ir embora e aumento o volume outra vez. É tudo violação sonora.
-QUÊ? TÁ LOUCO?
-Isso mesmo, sua hipócrita, vem aqui me mandar abaixar o volume e resolve gritar?

Revoltei, queria arrancar a cabeça dele e pendurar na minha parede. O resto do corpo eu jogaria aos leões do zoo.

-PQP, você é muito chato. Sério, eu vim aqui, de boa, pra te pedir pra diminuir um pouco o volume. Só um pouco, pra garantir que o prédio não vá cair. Eu podia ter ligado pra síndica!
-Então eu posso ouvir música alta, só não alta demais.
-Claro que pode, eu escuto música alta, eu toco até guitarra, é só não exagerar. Ninguém nunca reclamou comigo.
-Você pode tocar guitarra num volume alto e eu não posso ouvir Who? Você por acaso toca melhor que o Pete Townshend?
-Não, e não é tão alto assim.

Ele riu. Cínico!

-Ahhhh, vá pro inferno!
-E se eu fosse um pouco surdo? Como eu saberia que está alto demais? Você me mandaria pro inferno do mesmo jeito?
-Não!
-Então eu sou surdo do ouvido esquerdo.
-ENTÃO VÁ SE FODER! -gritei no ouvido direito dele - Conseguiu ouvir isso?
-Eu até iria, mas preciso de música apropriada. Você escolheu o volume e a situação, escolhe a banda.
-PQP, sério, tô indo embora!

Ele abriu o armário. Tinha tanto CD que eu não consegui disfarçar meu queixo caindo.

-Vai, escolhe.
-Não, eu quero ir dormir. Eu preciso dormir, fui deitar às 4h da manhã e acordei ás 8h com um maluco tentando estourar meus tímpanos.

Fui pra porta e... CADÊ A CHAVE? Fiquei com medo e mais raiva.

-Cadê a chave? Me deixa ir embora.
-Só depois que você escolher um CD.
-Não vou escolher nada enquanto você não me entregar a chave.
-Se não escolher um CD, vai ter que pegar a chave sozinha.

Aí eu lembrei que ele não tinha bolsos, e a chave não estava nas mãos.

-Espero que esteja em cima da estante. - começando a procurar.
-Você sabe onde está. - andando em direção a mim, outra vez. Parou ainda mais perto que antes. - Escolhe um CD e eu abro a porta.

Eu queria chorar, nem queria mais gritar. Ficava me perguntando como eu fui parar naquela situação. Que coisa ridícula. Eu, trancada na casa de um vizinho maluco que tem bom gosto musical. Comecei a rir, desesperadamente. Resolvi escolher um CD e correr de lá. Tinha tanto CD que eu me vi indecisa quando não podia, precisava que escolher rápido.

-Tá rindo de quê?
-Da situação.

Vi um Pablo Honey, do Radiohead. Peguei e entreguei pra ele, esperando que ele abrisse a porta.

-Não vale, você não pensou, não é bom pra ouvir nesse volume, estou muito alegre pra isso, e eu acabei de voltar do show deles, não estou a fim de ouvir.

Fiquei puta! Pensei um pouco, olhei os CDs, fiquei com invejinha. Achei um London Calling. É um dos meus favoritos.

-Toma, Clash é bom pra ouvir alto sem precisar ensurdecer os vizinhos.
-Hm... Boa escolha. - E ficou encarando a capa.

Nessa hora alguém chegou e destrancou a porta. Era outro homem, com cara de quem tinha acabado de chegar de uma festa. Cara, cheiro e roupa. Ele me encarou com olhos arregalados, olhou pro amigo psicopata (se não é amigo é marido), e me olhou outra vez. Me espremi entre ele e a porta e saí dali sem nem olhar pra trás. Só ouvi o maluco dizendo "Nem te conto". Resolvi não esperar o elevador, vim pelas escadas. Cheguei em casa, deitei na cama, perdi o sono.



P.s: Em momento algum tocou My Generation. A música que me acordou foi Baba O'Riley.


sexta-feira, março 20, 2009

69

Eu estava chorando mais do que o normal. Percebi que minha vida está de cabeça pra baixo. Tentei resolver. Não adiantou. Decidi bancar a esperta pra cima dela e acompanhá-la. Resolvi deixar tudo virado pro mesmo lado.

Plantei bananeira.

Senti que as lágrimas demoraram mais pra sair. Voltei à posição normal.
Ela de ponta cebaça. Eu de cabeça pra cima.

E chorei.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

2 horas na Alemanha - A entrevista

Sentei, entreguei os papéis, olhei pra cima e vi como o funcionário da embaixada era bonito e falava português com um sotaque alemão que estava longe de ser feio, era bem sexy até. Enxuguei a baba... Bonzinho ele, tirou minhas dúvidas, me disse que levei mais cópias do que precisava, e tirou cópia do meu passaporte.

Aí ele pediu meu telefone de casa, o celular e o e-mail... Mas não era pra ele, era pra entrarem em contato comigo quando o visto chegasse. :(

-Você já fala alemão?
- O básico.

Digitou, digitou, digitou... Levantou, voltou com um careca, loiro que só falava alemão. Por motivos claros, aqui vai tudo em português, mas o careca só falava alemão (C), eu falava alemão (Ea) e português (Ep) e o bonitão (B) falava em alemão com ele e em português comigo.

C: Hallo
Ea: Hallo
C: Qual é seu nome?
Ea: Natália blá blá blá.
C: Quantos anos você tem?
Ea: 18.
C: Como?
Ea: 18.
C: Heim?
(PQP, será que eu não sei contar mais... ein, zwei, drei, vier, fünf, sechs, sieben, acht, neun, zehn, elf, zwolf, dreizehn, ..., achtzehn!)
Ea: 18. 18. DEZOITO!
C: Ahhhhh, 18.
(¬¬)
C: Qual o seu emprego?
Ea: Nenhum, eu não trabalho.
C: Você estuda?
(hahahahaha, também não!)
Ea: Eu estudava pro "vestibular", acho que é "Aufnahme-prüfung" em alemão, mas não estudo mais.

Ele me olhou com uma cara desconfiado, provavelmente pensando que porra de pessoa é essa que não trabalha nem estuda... Daí ele perguntou pro bonitão se vestibular era realmente aufnahme-prüfung.

C: Por que você escolheu a Alemanha?
(Ok, me apertou sem me abraçar. Anda Natália, pensa numa resposta clichê...)
Ea: Porque eu quero conhecer uma uma cultura nova... E um "leute" novo. "People" é leute mesmo, né?
(Adoro como as pessoas falam inglês e nem percebem.)

C: schwarzenegger tempo schwarzkopf estudou alemão?
Ea: Alguns meses.
C: Alguns meses quanto?
Ea: Sei lá, direito uns 6 meses. (3 meses, e nem vou contar que estudei alemão antes mas parei, vai que ele me pergunta o porquê.)
C: claudia schiffer HAHSNIEmaausen hier kommt die sonne 823ndwhudnd einstein?
Ea: Não entendi, repete por favor.
C: claudia schiffer HAHSNIEmaausen hier kommt die sonne 823ndwhudnd einstein?
(Socorro!!!!)
Ea: Estudei sozinha! (certeza que não foi isso que ele perguntou!)
C: NEIN! claudia schiffer HAHSNIEmaausen hier kommt die sonne 823ndwhudnd einstein?
(Por favor, bonitão, me salva)
B: Ele tá perguntando como você estudou, se usou algum livro e qual o nome.
(Foi, ué, mas não me pergunta o nome que eu estou nervosa demais pra lembrar)
E: ...
B: Pode responder em português que eu digo pra ele.
Ea: Eu usei um livro, mas eu não tenho certeza do nome. Deutsche Sprachlehre alguma coisa... Acho!
(G-zaz, daqui a pouco ele me pergunta de quem é o livro.)
C: O que você planeja pro seu futuro profissional?

Travei, não tinha certeza se tinha entendido direito, e não saberia responder isso nem em português. Quer dizer, eu sei direitinho o que eu planejo, só não sei se vou colocar em prática. Fiz cara de desentendida;

Ea: Eu não entendi.
B: Ele perguntou quais seus planos para um futuro profissional. Se você não souber responder em alemão, pode responder em português.

(Mas é claro que eu vou responder em alemão, se fosse pra responder em português eu não teria estudado)
Ea: Eu pretendo fazer Design (como é Desenho Industrial em alemão?) e tocar guitarra.
C: HÃ?!
Ea: Tocar guitara *fiz o gesto estúpido de air guitar* (como diabos é baixo?).
C: Ah, trabalhar com música.
Ea: Isso, eu tenho uma banda! (e não toco baixo nem guitarra nela)
C: bombaskaem duhastmich WHXKchwwnyta haftasärdem hshokasn twbgbbygstvsfsr?
Ea: Eu não entendi... Repete, por favor.
C: bombaskaem duhastmich WHXKchwwnyta haftasärdem hshokasn twhgagshnensjgduue?

Aí eu fiquei nervosa e pensei um forte "FODEU!", provavelmente eu pediria pra ele repetir mil vezes e não entenderia.

Ep: Eu não entendi, mas não precisa me dizer em português, se você puder escrever a pergunta, vai ficar mais fácil compreender.
B: Ele perguntou se você tem outros planos além dos profissionais.

Cara, já foi difícil responder o que eu já tinha planejado, imagina algo no qual eu nunca pensei. Continuei com cara de desentendida e o bonitão fez cara de quem não sacou a pergunta também.

Ea: Er... é... hm... Voltar pro Brasil, passar no vestibular da UnB e formar uma família.
(Parabéns, você não conseguiria pensar em uma resposta mais mentirosa que essa, formar família... Pelo menos família é uma palavra fácil.)
C: Bom! Onde você conheceu sua gastfamily?
Ea: Em Köln!
C: Heim?
(Parabéns, sua anta, aposto que ele perguntou onde você conheceu eles e não onde eles moram)
Ea: Desculpa, na Internet. he-he-he *sorrisão amarelo*
C: Ahhhh. Você Volkswagen beckenbauer rammstein heidi klum?
Ea: Desculpa, eu não entendi!
C: Você, nuiUwzkhckëo amigo, parente, conhecido, Huab345snjnusge Alemanha?
Ea: Não. (será que conhecidos de internet contam?)

Eu me embolava, buscava as palavras principais, e achava que essa entrevista já estava longa demais, mas continuou...

C: answoÄëïöü gotaskaem profissão seus gasteltern?
Ea: Meu Gastfather é médico e minha gastmother é fotógrafa.
(Por que ele tá olhando com essa cara estranha pro bonitão? E por que o bonitão tá olhando meu formulário?)
B: Fotógrafa? Certeza!
(Puta que pariu, tenho... Ih, tenho não!)
Ep: Ah, a Leslie trabalha numa loja com a mãe dela, mas ela também é fotógrafa.
Ba: Ah sim, ela sabe que ela é vendedora, mas disse que ela também é fotógrafa.
(Ufa, por pouco!)

C: Onde eles moram?
Ea: Em Köln! (dessa vez eu acertei, hehe)
C: Você sabe quantas crianças moram lá?
(duuuuuuh, carecão!)
Ea: 2.
C: Quais os nomes?
Ea: Rosa e Flora.
C: E você sabe me dizer as idades?
Ea: Sim. Flora tem 4 anos de idade e Rosa tem 6.
C: California über alles, california üüüüü-ber alles, über alles, California, über alles ca-li-forniaaaaa-aaaaaaaa?
(Olha o bonitão olhando meus papéis outra vez...)
Ep: QUÊ????
B: Certeza de que é só isso?
(duuuuuuuh, Natália, esqueceu do Lennie!)
Ep: Ué, tenho. Lá mora também o Lennie, que é adolescente, mas ele perguntou criança.
B: Quantos anos o Lennie tem?
Ep: 14, 15... Não sei.
B: Aqui diz 15.
Ep: Ué, então é 15. Mas ele perguntou criança.
B: Ele só quer confirmar se você sabe todo mundo que mora na casa.
Ba: Hwchk arbeit macht frei h63uhayewued
C: O que você conhece da cultura de Köln?
(Não é possível que ele tá perguntando isso, melhor confirmar)
Ea: Desculpa, não entendi.
C: O que você conhece da cultura de Köln?
(HAHAHAHAHAH, ele realmente tá me perguntando isso?)
E: ...
C: ...
E: ...
B: Ele tá querendo saber o que você conhece da cultura de Köln.
(Pqp, piada pronta! LOL!)
Ea: Er... O CARNAVAL!
B: HAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHA
C: Só isso?
Ea: Ah, e aquelas cervejas gigantes em tubo, mas eu não bebo.
C: *sorriso amarelo*
B: *segurando riso*
E: he-he-he-he *cara de safa*
C: Bom, é só isso! Tchau!
Ea: Tchau!

E foi embora... E o bonitão digitou, digitou, digitou, digitou. E eu fiquei babando, babando, babando. E ele pegou minhas duas foto 3,5X4,5 (tamanho fela duma égua, heim). Digitalizou, mimimi, mimimi... Babei, babei.

(RÁ, vou puxar assunto!)
-Fui muito mal na entrevista?
-Não, não. Se você tivesse ido mal eu nem estaria fazendo o que estou fazendo, HAHAHAHAHA.
(Qual a graça?)
-Hahahahahahahaha, ufa, que bom, eu tava nervosa. Ele falava muito rápido. Não fui mal, então?
-Não. Já ouviu falar do curso da Deutsch Welle? Alemã...
-Alemão, por que não? Já, já, mas meu computador não tava muito bom pra isso.
(Mentira, fiz 3 aulas e fiquei com preguiça de terminar!)
-Ah... É... :(
-Mas eu passei, então?
-Passou! Olha, pode demorar até 3 meses pro seu visto chegar, mas em média são 8 semanas.
(Ok, exagerado, em 20 dias tá aqui.)
-Ok...
-Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá...
(Puxa, como ele é lindo!)
-Ok...
-São 173 reais.
-Hm, tá aqui...
-Bom, é só isso, quando o visto chegar a gente liga.
(droga, quero ficar aqui sentada te encarando...)
-Tá, brigada!
-Por nada!
(Nossa, como o sorriso dele é lindo!)
-Tchau!
-Tchau tchau!

Puxar a porta foi ainda mais difícil que empurrar! Na recepção eu pedi pro moço assinar meu papel pra eu entregar na portaria e ir embora.

-Eu não tenho que assinar nada, quem tem que assinar foi ele que te atendeu. - Educado como todo alemão deve ser.

Voltei, babando, pra ver o bonitão outra vez. Por que diabos eu não perguntei o nome dele?

-Oi, você precisa assinar meu papel pra eu poder sair.
-Ah, desculpa... Aqui.
-Brigada, tchau!
-Tchau, até mais!

E, 2 horas depois, entrei no carro pra voltar pra casa!

2 horas na Alemanha - A espera

-É na 807 Sul, mãe...
-Finlândia, Dinamarca... ALEMANHA! Quer que eu entre com você?
-Er... Se você quiser, pode entrar, mas tanto faz, sou indiferente.
-Você quem escolhe.
-Então não, acho melhor eu ir sozinha.

Passei pela portaria, deixei um documento, recebi um crachá e um papel que precisaria ser assinado. Passei pelo detector de metais, abri minha bolsa e ouvi que tenho muuuuitas canetas no estojo. Tudo isso por pessoas de olhos claros. Até ali, meus olhos deveriam ser bem bonitos, afinal, a gente só gosta de olho azul porque não vemos muitos por aí, mas lá não se viam muitos olhos castanhos.

-Debaixo do prédio, sobe a escada a direita.
-(?) Tá, brigada!

A informação poderia ser mais simples e correta: Direita, direita!

Alemão, alemão, alemão, alemão...
-Guten Tag!
-Guten Tag, onde eu faço o requerimento do visto?
-Ali, empurra essa porta.
-Er... tô empurrando.
-Empurra com força.

A porta de vidro e aço devia pesar pelo menos 4 vezes o meu peso. A sala era clara, com janelas grandes que davam para o lado de fora e 2 janelinhas por onde você via os funcionários. As cadeiras eram vermelhas. Lá dentro, um cara de camisa preta, barba e cabelo desgrenhado com um monte de papel espalhado ao seu redor.

"História, Filosofia ou Sociologia."
-Opa, se você quiser sentar aqui, eu termino de preencher ali.
-Não, tudo bem, ainda nem comecei a preencher os meus.

Mas ele mudou de lugar mesmo assim, eu sentei no lugar dele e comecei a preencher aquela papelada toda. Tudo em 2 vias. Eu estava nervosa, seria a primeira vez que eu manteria uma conversa em alemão com alguém que não fosse... Eu mesma.

-Mãe, o que você tá fazendo aqui?
-Credo, você esqueceu o dinheiro comigo.
-Ok, agora tchau!
E foi...

"Heh, vou enrolar pra terminar meus formulários, daí ele vai primeiro, eu fico sozinha na sala e fico mais tranqüila."

O pensamento não dura tanto, chega a mocinha de tatuagem de flores nas costas:
-Oi, pode sentar aqui, tô só preenchendo. - E fui sentar ao lado do cara sem pente. Na hora de levantar a cadeira eu percebo que ela pesa tanto quanto a porta. Alemães devem ser todos muito fortes...

Curiosa que sou, fiquei ouvindo pra saber o que ela foi fazer lá. Buscar o visto que tinha chegado. Eles enrolaram, enrolaram, enrolaram, enrolaram, enrolaram e enrolaram mais um pouco. Nesse meio tempo chegou um senhor de terno, maleta e cara de quem leva tudo a sério demais.

"Fodeu, vou ter que deixar todo mundo passar na minha frente pra ficar sozinha aqui."

Entregaram o visto dela. Ela era bem bonita, ou as tatuagens eram bonitas...

-Oi, mas meu visto não era pra 6 meses? Aqui diz apenas 3. - E eu quase levantei o braço pra falar "eu sei, eu sei" como uma criança desesperada querendo mostrar à turma inteira que estudou em casa. Essa era simples, com essa autorização de 3 meses ela entraria na Alemanha, iria à Ausländeramt (Secretaria de Estrangeiros?) e prorrogaria o visto. O cara explicou, ela não entendeu, perguntou, ele explicou de novo e ela foi embora. Durante toda essa enrolação, o desgrenhado conversava com o homem da maleta, que era brasileiro mas que tinha mais sotaque do que se ele realmente fosse alemão.

Doutorado em Física na Alemanha. Doutorado... em física... em alemão... na Alemanha... Dividam o choque comigo: dou-to-ra-do, fí-si-ca, a-le-mão, A-le-ma-nha! DOUTORADO EM FÍSICA, NA ALEMANHA! Imaginem, por favor, o cérebro dessa pessoa, quer dizer, doutorado já não é algo que as pessoas fazem todos os dias, ainda mais em física, e muito menos em alemão. E eu achando, só por causa do cabelo desgrengado e da barba, que ele era algum estudante de História querendo conhecer o mundo. Shame on me, como fui rápida em prejulgar.

Entregou os papéis, recebeu papéis, fez perguntas, respondeu perguntas, pediu mais explicações, me deu tchau (?), foi embora. Depois de tanto fingir que tinha papéis a preencher, uma hora eu já nem tinha mais como fingir, quer dizer, eu pareceria uma retardada escrevendo no ar. Mas o mal educado da maleta nem quis saber, foi na minha frente mesmo sabendo que eu já tinha terminado e que eu já estava lá antes. Ok que eu diria pra ele ir na minha frente, mas a educação manda um abraço.

Estudou na Alemanha, trabalha com universidades lá, e a cada 3 meses pisa em solo alemão pra fazer um tratamento médico que só existe lá. Fiquei imaginando se seria câncer, pela cara de mal humorado pensei que fosse de próstata. Ou talvez ele tenha alguma doença rara... Ele queria ir morar lá logo depois que recebesse a aposentadoria dele aqui. E eu queria não ouvir as conversas alheias. Ele não levou documento algum, ele foi ali somente pra perguntar o que deveria fazer. Não é por nada, mas ele poderia ter feito isso tudo pela internet. Enrolaram...

Chega um farrancho. FARRANCHÃO! Um alemão gordo, bigodudo e rosado; um garoto de no máximo 1 ano; a mãe, que era feia de doer e usava uma roupa tão curta que quase fez com que eu me sentisse uma freira por usar calças; e 2 aways que provavelmente foram só pra ver a embaixada.

Como característico de todo farrancho, faziam barulho, falavam alto e não pensavam muito antes de falar. Aliás, falavam alto e dos outros. Se questionavam sobre o sotaque do homem sério, que by the way estava começando a ficar visivelmente incomodado. A mãe tratava o garoto como se ela fosse um peso, coitado. Eu não sei se era o tédio de ficar ali sentada, mas eu julguei todo mundo, e não consegui achar nenhuma linha de raciocínio que não levasse á conclusão de que a mulher era prostitua. Shame on me²³! Talvez nem fosse, mas as histórias que eu imaginei pareciam mais interessantes assim.

Eu já nem conseguia mais prestar atenção no brasileiro-alemão. Mas sei que ele foi enrolado um bocado, talvez por castigo. Internet, a embaixada tem site e tem informações lá. Quando ele finalmente foi embora, eu percebi que não conseguiria resolver nada com aquela farofada (sem farofa), e deixei eles irem na minha frente. Ai, como eu estava boazinha. Minha mãe, coitada, provavelmente estava dormindo no carro.

Acho que por não saber falar potuguês direito, o alemão gorducho começou a conversar em sua língua materna com o funcionário. A mulher, mais xarope que xarope, ficava cutucando e perguntando pro homem rosa o que ele tava falando. Santa inconvêniência. Eu não me segurava, e ficava tentando enteder tudo o que eu conseguia. E eu até que entendi bastante, analisando bem o contexto eu conseguia captar muita coisa. As vezes ele perguntava algo em português à mulher e depois voltava a falar em alemão. Ele queria saber como levar a esposa e o filho pra morar com ele lá. E perguntou quais documentos precisava...

POR QUE DIABOS ESSAS PESSOAS NÃO PROCURAM AS COISAS NA INTERNET? Quer dizer, eis que o cara da embaixada pergunta se ele tinha levado um formulário. Claro que não! Eu imprimi em casa 3 cópias de cada um, e só não preenchi tudo porque tinha algumas dúvidas. O cara entregou um formulário pra ele e a mulher ficou tentando pegar o microfone achando que fosse a caneta.

Aí eu já estava com dó da minha mãe, com sede e de saco cheio. Emprestei uma caneta e entoei algum mantra do tipo "terminem logo, terminem logo, terminem logo, PORRA!" Demorou, aliás, demorou bastante. No meio dessa demora toda, sabe-se lá porque, enquanto o cara conversava com o outro e a mulher cutucava, ela apelou. Mulher é curiosa, não se pode negar. Imaginem uma mulher, maluca, ouvindo o marido(?) falando alemão sobre ela e o filho, perguntando o que é e não obtendo resposta. Ela pirou, começou a falar palavrão, bateu o pé e eu senti tanta vergonha alheia que até encolhi na cadeira.

Finalmente eles foram embora, e não importa que entrasse ali, eu faria essa porcaria de entrevista de uma vez por todas.

Continua...

terça-feira, dezembro 23, 2008

Sobre um sonho, um ônibus, 14 caras e uma garota.

Eu subi despretensiosa, como quem não quer nada. Imagine a minha cara de surpresa quando vi que estavam todos ali. Todos aquele caras por quem eu já fui interessada. Aliás, todos não, só os que eu nunca consegui, por vergonha, por distância, por falta de tempo, por estar compromissada. Não importa o motivo, se eu quis beijar mas não beijei ele estava presente. E quando eu perguntei o que eles faziam ali, a resposta foi um coral "Estudamos com você!" Nem questionei, em sonho tudo faz sentido, então, se eles disseram que estudam comigo, eu acredito.

É engraçado, se me pedirem uma lista com todos os caras que já me relacionei eu vou demorar pra fazer, me esforçando pra lembrar de todos, e com certeza vou esquecer algum. Não que sejam tantos assim, mas vou esquecer alguém. Mas se me perguntarem sobre os caras de quem eu gostei mas nunca consegui/tentei nada... As platonices, ah, sei todas, com detalhes e datas. É assim mesmo, quando a gente bate a gente esquece, mas quando apanha...

O importante é que estavam todos no ônibus da escola, sentados, cada um sozinho em um banco, como se estivessem guardando um espaço pra mim, e eu tinha 14 lugares pra escolher. Mas aí eu vi um banco vazio e pareceu o lugar certo pra me sentar. Enquanto andei até ele, todos os olhares me seguiram, e isso me deixou desconfortável. Mais ainda quando eu sentei e todos continuaram a me fitar. Eu não era a única garota ali e eles não era os únicos caras, haviam pessoas que estudaram comigo de verdade, nas mais variadas séries, mas eram todos coadjuvantes, ajudando a encher o ônibus, e ainda assim eu me sentia completamente só.

Não tenho a mínima idéia de que lugar era aquele aonde o ônibus foi. Era uma espécie de shopping escola (?), com lojas e salas de aula. O intervalo era na praça de alimentação. Eí a mesma coisa na hora de procurar um lugar, só que agora eles estavam em grupo nas mesas, todas com um lugar vazio. Outra vez eu fui pra onde não tinha ninguém, e quando um grupinho com as 2 maiores paixões platônicas da minha vida chegou perto eu levantei e corri pro banheiro.

Era um banheiro de escola, só que todo azul. Entraram garotas e garotos que eu nunca vi na vida, e que provavelmente não me viam, pois fofocavam inescrupulosamente, contavam do aborto da fulana, do caso da mãe do fulano com o diretor e mil histórias mais. E eu não tenho a menor idéia de quanto tempo eu passei ali, já que medidas de tempo não fazem sentido nos sonhos.

Quando eu resolvi sair, estavam todos os 14 na porta me esperando. Eu não sei o porquê, talvez medo de estragar a platonice ou simplesmente por saber que aquilo era um sonho, mas eu fiquei calada. Deixei que todos eles me acompanhassem até o ônibus, mas não olhei nos olhos de nenhum deles e não disse uma palavra. Nunca me senti tão sozinha cercada de tanta gente. Era tudo muito incômodo.

Eu subi primeiro, assustada imaginando quem sentaria ao meu lado. Eles ficaram amontoados, prontos pra correr. Até que, os afastando pra poder passar, surge aquela menina que eu sempre vejo. De cabelo laranjado, pequena e com um sorriso bobo que te faz sorrir também. Sempre quis transformá-la em boneca. Ela passa entre eles, senta ao meu lado, sorrindo e me entrega um papel escrito "oi, tudo bem?". Eles continuaram em pé, e assim o sonho seguiu até eu acordar, eu conversando com ela através do papel, rindo muito e todos eles em pé...

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Babaca, eu?


infelizmente!

Eu só trocaria "idiotas" por BABACAS! Eu não sei o que acontece, mas, a cada dia que passa, as pessoas me irritam mais e mais, e mais, e mais, e mais... E eu tenho vontade de chutar todas elas, ou então de colocá-las em potinhos de vidro na minha estante e só tirar quando extremamente necessário... Talvez costurar todas as bocas ou amarrar todos os dedos digitadores?

O problema é comigo? Eu sou impaciente demais? Os outros são chatos ou a chata sou eu? Provavelmente, no fundo eu também não devo passar de uma BABACA, do tipo impaciente e implicante. Melhor separar um pote com meu nome...



E só pra constar, você pode ver os outros trabalhos (muito bons) do Marc Johns aqui: 1 e 2

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Familiares e computadores

Sem comentar sobre inclusão digital e aquelas pessoas toscas que entopem o Orkut, existem aquelas pessoas próximas a você, pessoas de quem você gosta, mas que não deveriam usar computadores at all. Quem? Simples, os familiares!

Irmãos mais novos: Não importa se o computador é seu, a menos que o pentelho tenha um próprio, ele vai usar. E vai entupir seu computador de coisas relacionadas a The Sims, e vai reclamar pra sua mãe que você não deixa ele jogar. Se seu irmão mais novo não for tão novo assim, ele pode fazer pior, e atolar sua máquina com as porcarias musicais dele, e enfiá-las no seu iTunes, pro seu desespero. E naqueles dias em que você chegar em casa desesperado pra ler seus e-mails lá estará a criaturinha, conversando com outros seres da mesma espécie ou jogando, e você vai falar pra ele sair, e ele vai dizer "já vai", mas vai enrolar um pouco, claro, eles sempre enrolam.

Nesse ponto, a solução é educá-los. Com a minha criaturinha foi assim: Eu chego em casa, aviso que quero usar e ela tem o tempo de eu comer/beber alguma coisa pra largar o Dexter, entro no quarto cantando "She said bye bye..." e se ela não sair... Bom, aí eu ameaço lamber a cara dela e ela sai correndo. Mas não adianta, esses seres não sabem se defender sozinhos e sempre vão reclamar com os pais, que vão te chamar de mesquinho ou coisa do tipo.

Pai: Pais não devem usar computadores pelo simples motivo de serem pais, eles não deveriam ter nada pra fazer, exceto trabalho. Mas eles insistem em ter e-mail, e insistem em enviar e-mails com piadas. E insistem que são muito bons resolvendo problema em computadores, afinal, eles são homens, e homens sabem resolver todos os problemas. Mas se tem uma coisa que pais não entendem é que computadores não são pias de cozinha. E que a lerdeza da conexão não tem NADA A VER com os inúmeros gigas de música que você tem. E que formatar não é a solução de todos os males. E não importa o que você diga, eles sempre vão falar que vocês entopem o computador de porcarias, e sempre vão achar que seu computador de 2002 ainda é bom em 2009.

E você ainda pode ter azar e ter um pai freak. Já ouvi casos de pai que entupiu o computador do filho com pornografia, e de pai que passava o dia procurando (e salvando) fotos de passarinhos! Porque pior que achar um arquivo chamado "Hot Lesbians Orgy XXX.rmbv" é achar um outro chamado "lindo-rolieiro-de-barriga-azul.jpg".

Mãe: Essas conseguem ser as mais chatas. Elas não mandam e-mails piadas, elas mandam .pps, ou então aqueles e-mails que te alertam sobre os perigos de conversar com estranhos na internet. Ao contrário dos pais, que não perguntam pra não darem o braço a torcer, elas não tem vergonha alguma de perguntar. Perguntam até demais,e perguntam coisas banais, do tipo "Como eu salvo uma foto do orkut dos outros?" E não adianta você ensinar mil vezes, ela vai perguntar de novo, e vai ficar brava se você ajudar de má-vontade, e vai dizer "Se for pra responder com má vontade, não precisa!", daí ela vai pegar a foto pequena e colocar no álbum dela.

By the way, o problema maior das mães é quando elas resolvem entrar no Orkut, e fuçam o seus profiles, e os de seus amigos, e colocam em seus álbuns fotos dos filhos com legendas sofríveis do tipo "minha preciosidade". E você não pode falar isso pra ela, ou então ela ficará muito chateada, e vai achar que você não a ama, fazendo aquele drama que só as mães sabem fazer!

Primos: Esses só não são piores porque não vivem com você, mas às vezes eles vêm visitar, e aí se juntam aos irmãos mais novos e a porcaria tá feita. Os irmãos mais novos dos outros junto dos seus, jogando The Sims e ouvindo música ruim, e não adianta você falar nada, eles são visitas e você tem de tratá-los bem. Ou você pode ser mal educado e ficar com a fama na família. Aliás, com eles, de qualquer jeito você vai ficar com fama, pois eles vão ver alguma coisa no seu Orkut, e vão contar pra sua tia, que vai contar pra outra tia, e pra outra, e pra outra...

Tias: As tias são que nem as mães, já que, geralmente, elas são mães de alguém. Mas as tias têm um ponto pior: Sabe aquelas 189 fotos (mal tiradas) que sua mãe tirou no almoço de família? Elas vão querer que você mande todas pra ela. E vai te mandar um e-mail pedindo isso, e você vai deixar pro dia seguinte, afinal, são quase 200 fotos. E você vai enrolar um pouco, e mais um pouco... Aí ela vai ligar pra sua mãe, que vai dizer que você não tem consideração pela família. Mas você vai continuar enrolando... SÃO 200 FOTOS PÉSSIMAS, PORRA! Aí ela vai aparecer na sua casa com um CD pra você gravá-las, e você vai ter que parar de assistir o último episódio de Prison Break e gravar pra ela.

Sorte que pelo menos os amigos você pode escolher, porque a família... PQP...

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Eu don't spreche Deutsch.

Se você tem um pouquinho de noção de inglês ou de alemão, percebeu que o título deste post está meio embolado. A grande novidade é: Irei pra Alemanha ano que vem, vou morar lá por um ano, e mimimis. Mas o foco do post não é esse...

Óbvio que aqui em casa, e com os meus amigos, eu só falo português. Pra resolver tudo com a minha host family, eu só falo em inglês. Aliás, nunca usei tanto skype na minha vida e nunca li/escrevi tanto e-mail em inglês. O lado bom é que eu percebi que o meu tá mais afiado do que eu imaginava.

No começo minha cabeça deu um nó. Horas no skype e horas lendo em inglês, se alguém me interrompesse no meio, meu cérebro dava uma travada e eu não sabia em que idioma deveria pensar; e assim que terminava, eu simplesmente não conseguia pensar em português, enrolava e enfiavas expressões do inglês no meio das conversas. E as vezes eu simplesmente não sabia qual o equivalente ao que eu queria dizer em português. Me enrolei com "piggyback ride", "realize that", "get high", "solve this", "stuff like that" e ainda tem o uso excessivo de "well", "why", "ok", "of course", "actually". Mas como inglês todo mundo entende pelo menos um pouco, embora eu ache que estavam todos ficando irritados, dava pra lidar com isso.

Pra ir pra Alemanha, eu preciso fazer uma prova de alemão na embaixada, e como o meu é uma grande porcaria (fiz aulas em 2005 e parei de praticar no mesmo ano), resolvi sentar a bunda na cadeira e estudar all by myself. Foi aí que a coisa enrolou de vez. Eu comecei a funcionar em português, inglês e alemão. Meu cébrero parou de travar, agora ele simplesmente mistura tudo. Se alguém fala comigo em português enquanto eu estou estudando alemão, eu misturo os dois e respondo, mas eu faço isso sem perceber, e se a pessoa não fala um "WHAT?!", eu fico achando que ela entendeu direitinho.

Sometimes eu estou conversando com a Leslie (minha hostmother) e misturo inglês e alemão e nem percebo. Coisas como "My mom got tired of 'antworten' this kind of things!". E ela, feliz, diz: "Hey, did you spoke german?" E isso tá começando a ficar cada vez mais comum. Uma vez eu quis passar meu endereço pra alguém e não conseguia dizer Gebäude em português ou em inglês, por sorte eu estava skypeando com a Leslie e perguntei. Agora eu já sei, "building" ou "prédio".

Agora imaginem vocês, ontem eu ajudei minha irmã a estudar francês, falei português, inglês, alemão e enrolei um pouco de espanhol com amigos alemães. Eu nem sei mais em que idioma eu estou sonhando, tá tudo tão bagunçado que eu estou entrando numa espécie de estado afásico (? - eu eu nem sei se essa palavra existe). Meus neurônios estão fazendo um mix tão fucked up que em alguns momentos eu simplesmente esqueço as palavras, ou uso termos muito complicados pra dizer o que poderia ser dito facilmente. Só nesse final de semana eu já tive dificuldade pra nomear (em qualquer idioma) cômoda, caneta, distúrbio, microfone, lenço, sofá, entorpecido, carros amarelos... Isso sem contar da hora em que eu cismei que existe uma palavra em português para "shopping center".

Acho nem vou contar pra vocês as burrices em português. Os plurais são o que mais sofrem, coitados... Coitados mesmo são os meus parentes, amigos e followers no twitter: "Como é o nome daquele negócio onde a gente guarda roupas? Aquele com gavetas, sem ser o armário." Cômoda, sua anta, cômoda...